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Valoracións do PCP na sua visita á Índia
05/10/2006


Avante!

Após o regresso da Índia do Secretário-geral do Partido, e da visita de uma semana, que fez, acompanhado de Ângelo Alves, da Comissão Política, a convite do Partido Comunista da Índia e do Partido Comunista da Índia (Marxista) e que oportunamente noticiámos, o Avante! entrevistou Jerónimo de Sousa.

Estamos a meio de uma grande campanha política do Partido, em defesa da Segurança Social pública, em que tens tomado parte activa e empenhada, participando em comícios e encontros por todo o País. Esse trabalho de esclarecimento, junto às tarefas de direcção partidária e de participação na AR como deputado, não foram obstáculo para uma ausência de uma semana. Porquê esta visita neste momento? Foi considerada uma prioridade?

Esta deslocação foi resultado de um convite feito pelos dois partidos ao PCP. E, no quadro das excelentes relações que mantemos com estes dois partidos e pela importância que têm no movimento comunista internacional, nós considerámos que, independentemente da campanha, dessa grande campanha que estamos a fazer por todo o País em torno da defesa da Segurança Social pública, era importante concretizar a visita.
Aliás, é de sublinhar que esta campanha não é a campanha do secretário-geral, é uma campanha de todo o Partido, que neste momento está a envolver milhares de militantes comunistas por todo o País, em acções de contacto, de distribuição de documentos e de propaganda, em iniciativas diversas, concretizando aquilo que foi uma decisão dos organismos executivos do Comité Central. Uma campanha que tem em conta que esta mesma Segurança Social está ameaçada. Portanto, independentemente da participação do secretário-geral, a campanha continuou e foi agora retomada e com um grande êxito. Nesse sentido, não houve colisão de prioridades, e sublinho a importância desta delegação e os contactos que estabelecemos.


Que relações mantém o PCP com os dois partidos comunistas da Índia? Foste recebido por ambos. E convidado por ambos.

São relações históricas, relações de mais de meio século. Particularmente estabelecidas na fase em que o Partido lutava contra o fascismo e contra o colonialismo. No caso concreto de Goa, Damão e Diu, é conhecido que o nosso Partido, desde o início de década de 50, sempre tomou a dianteira na solidariedade e na exigência da libertação daqueles territórios e daqueles povos.
Este foi um ponto de partida mas, durante este percurso, as relações foram-se fortalecendo, por razões da solidariedade internacionalista e de uma grande identificação de pontos de vista. São relações muito saudáveis, laços muito fortes com os dois partidos.

Que nível de entendimento foi encontrado nomeadamente na questão da situação internacional e no modo de lhe fazer face?

Uma primeira nota: há um entendimento muito vasto em relação à compreensão do mundo em que vivemos, dos grandes problemas que se colocam à humanidade, aos trabalhadores e aos povos face à ofensiva do imperialismo. Daqui decorre que, por exemplo, a nossa solidariedade com os povos que resistem e lutam, designadamente na Palestina, no Iraque, na América Latina, há uma comunhão de pontos de vista muito aproximada que fortalecem este relacionamento.
Por outro lado, também, há um grande apreço destes dois partidos em relação ao PCP.

A Índia é um grande país, com centenas de milhões de habitantes e com um desenvolvimento acelerado que, entretanto, deixa para trás muita miséria. Entretanto, os partidos comunistas participam numa frente de esquerda que apoia o governo, sem no entanto participar nele. Como te explicaram esse apoio crítico?

Sim, de facto, na Índia, a primeira sensação que temos quando ali chegamos é a de um país fascinante e chocante. Fascinante pela cultura, pelas suas diversidades. Um povo bom e acolhedor. Mas simultaneamente chocante pelo grau de pobreza – e falo de pobreza extrema e à escala de massas que se verifica em praticamente todas as cidades. Salvo Goa.

Tiveste oportunidade de visitar várias regiões do país.

Sim. Ficámos em Bombaim, fomos a Goa, estivemos em Nova Dehli e terminámos a nossa visita em Calcutá, no Estado de Bengala Ocidental. Isto permitiu uma visão de conjunto, para além das informações dos camaradas. Mas, para se perceber melhor esta expressão, a contradição entre o fascínio e o choque: a Índia é um país com mil e cem milhões de habitantes. Em que se poderia dizer que existem duzentos milhões de ricos e muito ricos e novecentos milhões de pobres e extremamente pobres. O que de facto impressiona é a dimensão dessa pobreza que se verifica nas ruas dessas cidades. No entanto, como é sabido, hoje a Índia é um país com avanços espantosos no domínio da ciência e da técnica, particularmente no âmbito das novas tecnologias, um país que deveria ser bem avaliado no plano do desenvolvimento económico daquela região. Quem está no governo é uma frente em que predomina o Partido do Congresso. Mesmo com essa coligação não alcançaram a maioria absoluta no parlamento. E aos comunista, como nos disseram, colocou-se a questão – havia um perigo real de fascização da Índia, particularmente tendo em conta que os partidos de direita e de extrema-direita acirravam as contradições religiosas, tentavam recuperar a concepção das castas, da divisão da sociedade indiana em castas e a secundarização dos 140 milhões de muçulmanos – aos comunistas colocou-se a questão, não de um apoio explícito ao governo do Partido do Congresso, mas a definição de um programa mínimo. O que não obstaculiza a luta contra esse mesmo governo em termos de políticas económicas e sociais e particularmente no plano da política externa.
Portanto, esse foi o caminho escolhido pelos camaradas, tanto do PCI como do PCI(M), sublinhando os camaradas, naturalmente, difíceis condições e contradições que resultam em primeiro lugar da dimensão e dos problemas que lá existem.

Os comunistas estão à frente de governos de estados populosos. Inteiraste-te sobre a política que conduzem e quais os resultados alcançados no campo político social, económico, cultural?

Notámos particularmente em Calcutá, que é a capital de Bengala Ocidental, um grande esforço para o desenvolvimento económico, para o investimento público, para procurar melhorar a qualidade de vida das respectivas populações. Foi o próprio embaixador de Portugal em Nova Dehli, no contacto que tivemos, que nos disse: que Calcutá, pelo esforço dos comunistas, era das cidades com melhor evolução no plano do combate à pobreza, no plano de criação de infraestruturas que possam melhorar a qualidade de vida daquela população. Só para se ter uma ideia: Calcutá será uma cidade pouco maior que Lisboa e, no entanto, tem dez milhões de habitantes, com todas as consequências que advêm de uma concentração populacional tão grande. Ou seja, numa cidade pouco maior que Lisboa cabíamos lá todos nós, os portugueses...

Esse contacto com o embaixador – foi ele que te procurou?

Exactamente. Foi o senhor embaixador que fez muita questão em que fôssemos à embaixada, aliás convidou-nos mesmo para um jantar formal que não foi possível devido ao nosso programa intenso. Ainda assim foi possível um encontro na embaixada durante cerca de uma hora em que trocámos opiniões e onde encontrámos, quero sublinhá-lo, uma recepção muito respeitosa pelo nosso Partido e até a disponibilidade para ajudar a qualquer situação. É um registo que fazemos, já que, por toda a viagem à Índia, aliás, para além de sermos recebidos pelos dois partidos, as diversas instituições onde nem sequer os comunistas estão representados deram uma especial atenção e destaque à visita e à delegação do PCP.

Visitaste Goa, sabemos que tiveste uma recepção calorosa. Pensas que tal recepção se deve ao facto de perdurar alguma memória de Portugal ou se deve principalmente ao conhecimento que aí existe sobre o PCP e as suas posições?

Creio que as duas coisas. Em primeiro lugar, essa recepção calorosa, em que, por exemplo, centenas de pessoas – militantes e simpatizantes do PCI e também do PCI(M) – nos aguardavam no aeroporto, cobrindo-nos de flores, de simpatia, teve a ver em primeiro lugar com a posição solidária do nosso Partido em relação a Goa, à luta libertadora encetada por aquele povo. Mas também uma simpatia e uma admiração pelo povo português, com esta definição que, como se sabe, sempre tivemos: não era o povo português que era inimigo do povo de Goa; antes pelo contrário, o povo português e o povo de Goa tinham um inimigo comum, que era o regime fascista de Salazar. Então foi como que uma demonstração de que não há qualquer rancor histórico, tanto por parte dos comunistas como da população goesa. Sentem mesmo e lamentam que os sucessivos governos em Portugal tenham virado as costas, mesmo no plano cultural, a um relacionamento que seria desejável manter, tendo em conta o vínculo muito forte da cultura portuguesa naquele Estado. E nesse sentido nós próprios ficámos surpreendidos com essa recepção tão calorosa, com a recepção da direcção do Partido Comunista da Índia naquele Estado, com a deslocação ao Governador de Goa, ao Presidente da Assembleia Legislativa, ao Ministro Chefe, todos eles membros do Partido do Congresso, que todos nos receberam com grande afecto e grande respeito. Nestas duas condições – como comunistas e como portugueses.

Verificaste, portanto, que o actual Governo português continua, tal como os anteriores, a desprezar as grandes possibilidades de intercâmbio entre os dois povos.

Sem dúvida. Basta ver que cerca de trinta por cento dos goeses ainda têm nomes portugueses. Desde os Sousas aos Cardosos, aos Sardinhas. Com muita gente ainda a falar Português. Mas é uma coisa que se vai perdendo. Porque, naturalmente, são os mais velhos que mantêm esses vínculos afectivos, culturais, linguísticos. Aliás, fomos confrontados até com uma situação em que os goeses, à luz da lei portuguesa, tendo o direito de lhes ser reconhecida, através do registo do nascimento, até 1971, a possibilidade de pedir os papeis e tirar o passaporte, encontram dificuldades imensas e ficam à espera por vezes cinco e seis anos que esses papeis sejam despachados. Colocámos mesmo a questão ao próprio embaixador de Portugal em Nova Dehli, que reconheceu essa dificuldade. Pensamos que também através da Assembleia da República podemos tentar essa aproximação, particularmente no plano cultural.
Mas o que mais impressionou os comunistas indianos, foi o momento em que nós entregámos uma oferta que levámos aqui de Portugal. Que era tão simples como isto: um pequeno Avante! clandestino, um original de 1955, em que como tema de primeira página vinha a exigência da libertação de Goa, a exigência do reconhecimento ao povo de Goa de decidir o seu próprio destino, com o vínculo muito forte da solidariedade dos comunistas portugueses. Foi um dos momentos mais tocantes. Porque uma coisa é nós dizermos que sempre fomos solidários.

Outra é mostrar a prova...

Outra é mostrar a prova com aquele original do nosso Avante!.
Aliás, também, ao PCI (M), entregámos um outro exemplar, esse de 1961, condenando um massacre da população indiana por parte das forças fascistas. Vimos um grande reconhecimento e uma grande emoção por este exercício de memória histórica mas também de solidariedade de mais de meio século.

E já agora pedimos-te um breve balanço desta visita...

Em primeiro lugar, uma reconfirmação e uma afirmação do relacionamento solidário entre os dois partidos. Fomos recebidos pelo secretários-gerais dos dois partidos, por Ardhendu B. Bardhan, do PCI, e por Prakash Karath, do PCI(M). Em Calcutá, fomos recebidos, para além do presidente da Câmara, pela figura mais proeminente do Partido Comunista da Índia (Marxista) – e da própria sociedade indiana – o histórico dirigente Jyoti Basu, que ficou profundamente emocionado com a visita da delegação do Partido Comunista Português. Nesses encontros com as direcções de ambos os partidos foi possível verificar essa identificação de pontos de vista, haver uma troca importante de informações sobre a situação dos dois países, particularmente em termos da posição geoestratégica que hoje a Índia ocupa.
Os camaradas mostraram-se profundamente preocupados com a visão dos Estados Unidos que, mantendo o controlo e influência no Paquistão, estão a ver que a Índia pode ser um país onde os seus interesses político-militares e económicos venham a ser mais bem defendidos. Ou seja, manter o selim no Paquistão mas pensando montar o cavalo na Índia. Com dois objectivos, creio. O primeiro tentar neutralizar papel do Estado indiano no movimento dos Não-Alinhados; o segundo usar a Índia como um muro, como um obstáculo em relação à própria China. Não apenas no plano das relações bilaterais como no plano económico. Há esta preocupação, tendo em conta já a cooperação a nível militar, nuclear, económica, existente entre os Estados Unidos e a Índia. Há entretanto uma grande resistência a esta influência e ingerência. Quando dos exercícios militares em Bengala Ocidental, houve uma grande manifestação de protesto de duzentas mil pessoas que se concentraram junto ao local dos exercícios.
Trocámos também opiniões sobre a iniciativa de Novembro, sobre o Encontro de Partidos Comunistas e Operários que se vai realizar aqui em Lisboa, revelando os camaradas e ambos os partidos uma grande disponibilidade para estarem presentes nesta importante iniciativa internacional.

A propósito: os trabalhos de preparação desse Encontro estão adiantados?


Estamos ainda na fase da concretização dos convites, já há cerca de cinquenta participações confirmadas, pensamos que poderá haver mais. A ordem de trabalhos encontra-se definida. E sobra ao nosso Partido a grande responsabilidade da recepção, do apoio, da organização do próprio Encontro. Mas a realização do Encontro é em si mesma demonstrativa do prestígio que o nosso Partido hoje tem a nível internacional. O que foi sublinhado pelos dois partidos que nos convidaram para esta visita: a coerência, a determinação, a história, os valores e o projecto do Partido Comunista Português são uma grande referência para muitos comunistas, designadamente para os comunistas indianos.

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