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Porque Bush quer confrontar a Coreia do Norte
24/01/2007
Gregory Elich
Global Research



O teste nuclear da Coreia do Norte e as sanções das Nações Unidas levaram ao seu ponto mais baixo as relações entre os EUA e a Coreia do Norte desde que o presidente Bush tomou posse do seu cargo. No entanto, ainda há menos de um ano que por pouco tempo se alimentaram esperanças de uma resolução diplomática do diferendo nuclear. Nas conversações a seis de 19 deSetembro de 2005, foi assinada uma declaração de princípios sobre desarmamento nuclear pelos EUA e pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC, o nome formal da Coreia do Norte). A administração Bush porém encarou a sua assinatura deste acordo apenas como um adiamento táctico. Durante as negociações rejeitou firmemente essa declaração e só cedeu quando a delegação chinesa ameaçou denunciar que a culpa era dos EUA se as conversações a seis fracassassem. Ainda a tinta não havia secado no documento já os EUA estavam a violar um dos seus pontos principais.


Embora nos termos do acordo fosse exigido aos EUA que começassem a normalizar as relações com a Coreia do Norte, logo no dia seguinte foi anunciada a imposição de sanções sobre as contas da Coreia do Norte existentes no Banco Delta Ásia com sede em Macau, ostensivamente por as mesmas estarem a ser utilizadas para pôr em circulação notas falsas.

Se havia qualquer base para esta acusação, ou não, é o que ainda falta demonstrar, mas pelo menos há algumas razões para o cepticismo. Klaus Bender, especialista alemão de falsificações, pensa que, dado que as notas americanas são impressas em papel expressamente fabricado em Massachusetts, e utilizam uma tinta baseada numa fórmula química secreta, "é impensável" que quaisquer pessoas que não americanos "pudessem obter esses materiais". As impressoras que a Coreia do Norte obteve há três décadas, diz Bender, estão "obsoletas e não têm possibilidade de produzir a supernota [**] de dólar americana, um produto de alta tecnologia". Insinuou fortemente que a fonte das notas falsas poderia ser a CIA visto que esta "tem em funcionamento uma instalação secreta de impressão equipada com a tecnologia sofisticada necessária para a produção das notas". Que a CIA tenha a capacidade de imprimir notas não prova que o tenha feito. No entanto, teria um motivo, e o que é certo é que a origem ainda não foi detectada. De onde quer que tenham aparecido as supernotas falsas, a administração Bush agarrou avidamente na questão como pretexto para desencadear acções contra a Coreia do Norte. Apesar disso, declara Bender, "a opinião dos peritos" é que a acusação dos EU contra a Coreia do Norte "não é sustentável". [1]

O Banco Delta Ásia apressou-se a desmentir a acusação, afirmando que as suas relações profissionais com a Coreia do Norte eram totalmente legítimas e comerciais. Mais de um ano depois, os EUA ainda estão à espera de completar a sua investigação. Enquanto a investigação se mantiver por resolver, os EUA podem continuar a congelar os fundos da RPDC. O embaixador russo na Coreia do Sul, Gleb Ivashentsov, interpelou os EUA para que apresentasse provas que suportassem as suas acusações. Mas tudo o que os russos receberam foi "informações sobre boatos". Em Março de 2006 responsáveis do Tesouro dos EUA reuniram-se em Nova Iorque com uma delegação da Coreia do Norte, mas não apresentaram nada que justificasse a acusação. Ri Gun, chefe da delegação norte coreana, afirmou posteriormente, "Não houve comentários nem discussão" sobre provas. Propôs nessa reunião que fosse criado um órgão consultivo EUA-RPDC para "trocar informações sobre crimes financeiros e preparar contra medidas". Os norte coreanos declararam que reagiriam a provas de falsificação prendendo os que estivessem envolvidos e apreendendo o seu equipamento. "Nesse órgão consultivo pode haver um diálogo entre ambas as partes através do qual se pode construir a confiança. Teria um impacto muito positivo na abordagem da questão nuclear na península coreana", disse Ri. A delegação também sugeriu que podia ser aberta uma conta norte coreana numa instituição financeira americana e colocada sob supervisão dos EUA, de modo a eliminar quaisquer suspeitas. [2]

Evidentemente, as propostas da Coreia do Norte foram rejeitadas. Ao levantar a questão da alegada falsificação, a administração Bush tratou de utilizá-la como forma de justificar a guerra económica contra a RPDC. O que a administração Bush queria não era um acordo com a Coreia do Norte, mas sim uma mudança de regime, e em breve se seguiram novas acções. Os EUA prosseguiram, impondo sanções a várias firmas import-export norte coreanas, com a acusação não comprovada de que estavam envolvidas no comércio de armas. Depois foram anunciadas mais sanções, desta vez em relação a diversas firmas indianas e russas que tinham negócios com a RPDC, juntamente com outras companhias norte coreanas. [3]

As medidas tomadas contra o Banco Delta Ásia privaram a Coreia do Norte de um importante ponto de acesso a divisas estrangeiras, e também serviram como mecanismo para maximizar o efeito das sanções. Ao colocar o Banco Delta Ásia na lista negra, os EUA forçaram outras instituições financeiras a cancelar negócios com o banco, até que este foi obrigado a cortar relações com a Coreia do Norte. Em breve a campanha assumiu uma dimensão global. O Departamento do Tesouro americano enviou cartas de alerta aos bancos de todo o mundo, o que se traduziu numa onda mundial de fechos de contas bancárias da Coreia do Norte. Com medo da retaliação dos EUA, os bancos consideraram ser mais prudente fechar as contas da Coreia do Norte do que correr o risco de entrarem para a lista negra e serem afastados do negócio. Stuart Levey, sub-secretário do Tesouro observou que as sanções e as ameaças dos EUA haviam posto a RPDC sob "grande pressão", o que provocou um "efeito de avalanche de bola de neve". As acções dos EUA destinavam-se a sabotar qualquer perspectiva de um acordo pacífico. A partir daí, revelou um quadro superior da administração Bush, a estratégia seria: "apertem-nos, mas mantenham as negociações em andamento". Mas, prosseguiu o responsável, as conversações apenas serviam de meio para obter a capitulação da Coreia do Norte. Um outro quadro superior americano descreveu o objectivo dasconversações como um "mecanismo de rendição". Na verdade, antes da assinatura do acordo de 19 de Setembro, já os EUA haviam decidido "avançar para medidas de maior confronto", afirma um ex-funcionário da administração Bush. [4]

Enquanto director-geral do Daedong Credit Bank, um banco maioritariamente de capital estrangeiro que funciona em Pyongyang e que presta serviços principalmente a importadores, Nigel Cowie estava em posição de testemunhar o efeito das cartas do Departamento do Tesouro. "Soubemos pelos clientes estrangeiros que aqui faziam negócios legítimos, que os seus bancos ultramarinos lhes disseram que deixassem de receber pagamentos da RPDC, senão as suas contas seriam fechadas". Para ilustrar até que ponto os funcionários americanos estavam preparados para chegar, Cowie descreveu uma operação que envolveu a sua própria firma, da qual, disse, "podem tirar as vossas próprias conclusões". Foi aberta uma conta num banco da Mongólia. Foram feitos acordos para transacções legais de dinheiro. Mas quando os emissários do Daedong Credit Bank chegaram à Mongólia, foram detidos pelos funcionários de informações da Mongólia e foi-lhes confiscado o dinheiro. Foram feitas acusações de que os emissários estavam a transportar notas falsas feitas na Coreia do Norte. Uma fuga de informação para as agências de notícias, feita por uma fonte não identificada, deu origem a notícias que acusavam "diplomatas norte coreanos" de terem sido detidos por contrabandear notas falsas. Duas semanas depois, os funcionários de informações da Mongólia "mostraram-se bastante embaraçados por terem recebido informações incorrectas". Não é precisa muita imaginação para adivinhar qual a fonte dessas informações incorrectas. [5]

As acções dos EUA tiveram um sucesso retumbante. "Pela nossa parte", explica Cowie, "estamos apenas a efectuar negócios legítimos, mas apesar disso fomos gravemente afectados por estas medidas. Foi efectivamente apreendida uma enorme quantidade do nosso dinheiro e do dinheiro dos nossos clientes, não apenas em dólares americanos, mas em todas as divisas, sem quaisquer indicações de quando nos seria devolvido". A sorte do Banco Delta Ásia serviu de exemplo. "Bancos com algum tipo de ligação aos EUA estão tão aterrorizados que não querem ter nada a ver com nenhum banco norte coreano", disse Cowie. Depois de a participação maioritária do Daedong Credit Bank ter sido comprada pelo Koryo Bank de propriedade britânica, o novo dono, Colin McAskill, pediu a funcionários americanos que examinassem os registos do banco a fim de provar que os seus fundos eram legítimos e deviam ser descongelados. "Faremos frente aos EUA quanto às sanções", disse. "Foram longe demais sem que ninguém questionasse o que é que andavam a fazer". [6]

As cartas de alerta para os bancos foram frequentemente seguidas de visitas pessoais de funcionários americanos. Banqueiros e funcionários americanos dizem que as mensagens continham um misto de ameaças implícitas e de acções explícitas. Em consequência disso, não demorou muito até estarem fechadas quase todas as contas da Coreia do Norte abertas em bancos estrangeiros, com um efeito nocivo para o comércio internacional da RPDC. Os funcionários americanos estavam a infligir um grave prejuízo económico à Coreia do Norte, mas planeavam fazer muito mais. "Estamos só no princípio", disse o sub-secretário do Tesouro Stuart Levey há alguns meses. Em muitos casos, nem se insinuou que as acções estavam relacionadas com transacções financeiras ilegais. Os funcionários americanos passaram a pressionar abertamente as instituições financeiras para cortar com todas as relações económicas com a RPDC. "O governo americano está a pressionar as instituições financeiras de todo o mundo para avaliarem cuidadosamente os riscos de fazerem quaisquer negócios ligados à Coreia do Norte", disse Levey. Em Setembro de 2006, os EUA já tinham enviado mensagens oficiais para todos os estados membros da ONU, detalhando planos para sanções económicas mais duras. As medidas planeadas eram tão fortes que diversas nações europeias expressaram as suas preocupações, e disse-se que os planos visavam nada mais nada menos do que um bloqueio total de todas as transacções comerciais e financeiras norte coreanas. [7]

Preocupado com o caminho que os acontecimentos estavam a tomar, Selig Harrison, director do Asia Program do Centro de Política Internacional, visitou a RPDC e relatou o que viu. "Encontrei casos na Coreia do Norte autenticados por gente de negócios estrangeira e embaixadas estrangeiras em que foram bloqueadas importações legítimas de equipamento industrial para indústrias ligeiras de confecção de bens de consumo. Compreensivelmente os norte coreanos encaram isto como uma política de mudança de regime destinada a provocar o colapso do seu regime através da pressão económica". Harrison disse que a mensagem que recebeu dos funcionários norte coreanos foi essencialmente: "Queremos que os EUA nos demonstrem que estão dispostos a avançar para relações normais em conformidade com o acordo de 19 de Setembro. Se os EUA não levantarem todas as sanções financeiras, duma só vez, então vão ter que nos demonstrar por outras formas que renunciaram a todos os seus actos e desistiram da política de mudança de regime". [8]

Como era de esperar as autoridades norte coreanas sentiram-se ultrajadas por a administração Bush ter violado de imediato o acordo de princípios de 19 de Setembro. Enquanto os EUA continuavam a apertar a tarraxa, a Coreia do Norte anunciou que não voltaria a participar em conversações a seis enquanto os EUA não cumprissem o acordo que haviam assinado. Teriam que retirar as sanções. No mínimo, tinha que haver um diálogo para resolver quaisquer questões sobre a acusação de falsificação. Funcionários americanos disseram que as sanções não estavam sujeitas a discussão, e exigiram o regresso da Coreia do Norte às conversações a seis. A imagem apresentada ao público americano foi a do comportamento obstinado da Coreia do Norte e a sua recusa em negociar. Nada se disse sobre a forma como a administração Bush havia torpedeado deliberadamente as conversações.
Roh Moo-Hyun, presidente da Coreia do Sul, visitou Washington em Setembro de 2006, pedindo que a investigação dos EUA ao Banco Delta Ásia fosse concluída rapidamente. Roh disse que também era importante que os EUA se abstivessem de impor mais sanções visto que tais atitudes impossibilitavam o reinício das conversações a seis. [9] Como era de prever, este pedido foi recusado. Ao invés disso, o Departamento de Estado americano atribuiu 1 milhão de dólares a três estações de rádio para difundir programas hostis à RPDC. [10]
"Acho que as nossas sanções tiveram um impacto real", afirmou Stuart Levey num discurso no American Enterprise Institute apenas um mês antes do teste nuclear da RPDC, "mas o verdadeiro objectivo, penso eu, é assistir a uma verdadeira mudança na Coreia do Norte. Por isso não estamos satisfeitos com o que tem acontecido até hoje". [11]

Evaporou-se qualquer esperança de reinício das conversações a seis. A administração Bush queria uma mudança de regime na Coreia do Norte e era de esperar que agravasse as tensões. Os norte coreanos conquistaram uma reputação de frontalidade ao reagirem em conformidade: negociando quando abordados diplomaticamente, e com dureza quando ameaçados. A Coreia do Norte decidiu prosseguir com um teste nuclear de modo a desencorajar quaisquer intenções de Washington quanto a acções militares. O Ministério dos Estrangeiros da RPDC emitiu um comunicado em que se dizia que os EUA estavam a tentar "internacionalizar as sanções e o bloqueio contra a RPDC". Um teste nuclear seria uma contra medida "para defender a soberania do país" contra as "acções hostis" da administração Bush. [12]O teste nuclear teve lugar em 9 de Outubro. Ainda subsiste um certo mistério quanto à natureza do teste. O resultado foi surpreendentemente fraco, avaliado situar-se no intervalo entre 0,5 quiloton a 0,9 kiloton. Os norte coreanos haviam notificado as autoridades chinesas de antemão de um teste iminente de 4 kiloton, muito inferior aos resultados de outros países quando fizeram os seus primeiros testes. Pode ser que a RPDC estivesse a tentar poupar o seu suprimento limitado de plutónio e reduzir a extensão das emissões radioactivas. É opinião geral que o teste foi um fracasso parcial, devido a uma detonação incompleta da carga nuclear. Funcionários das informações e analistas de armamento americanos acham que ou foi testado um engenho nuclear (e não uma bomba) e não resultou bem, ou foi feito um teste apenas de um componente nuclear. A RPDC ainda tem que muito que andar antes de ser capaz de aperfeiçoar uma arma nuclear que funcione. Se a RPDC queria prevenir os EUA de que tinha um dissuasor nuclear, então conseguiu exactamente o contrário, dado que o teste revelou que o seu programa nuclear ainda está nos primeiros passos. [13]

Sempre foi objectivo da administração Bush conseguir apoio internacional para as sanções da ONU contra a Coreia do Norte. Houve na administração Bush quem admitisse que tinha esperanças de que os norte coreanos efectuassem um teste nuclear. Tendo manipulado a RPDC para concretizar a única opção que lhe restava, os EUA agarraram rapidamente nessa oportunidade. [14]

Os EUA obtiveram a aprovação do Conselho de Segurança da ONU para sanções internacionais contra a RPDC. A China e a Rússia conseguiram eliminar qualquer fraseologia que pudesse conduzir a uma acção militar, mas continua a haver perigos na resolução das ONU. Por exemplo, os estados membros da ONU são incitados a tomar "acções cooperativas incluindo inspecções das cargas que entram e saem da RPDC". Tanto o Conselho de Segurança como a comissão de sanções obtiveram o direito de aumentar a lista de bens e tecnologia que podem ser bloqueados e a comissão tem de reunir de 90 em 90 dias para recomendar "formas de reforçar a eficácia das medidas". [15] É de esperar que os EUA continuem a pressionar medidas mais drásticas. Entidades americanas apressaram-se a assinalar que as sanções da ONU permitiam a inspecção de barcos norte coreanos, e deram luz verde para uma campanha mais agressiva a fim de forçar as instituições financeiras a cortar relações com a RPDC. A administração Bush considera a Iniciativa de Segurança de Proliferação, um programa que pretende visar a limitação do fluxo de armas nucleares, biológicas e químicas, como a peça central da coação. [16]

Logo após a aprovação da resolução da ONU, o embaixador americano Alexander Vershbow e o secretário adjunto de Estado Christopher Hill pediram à Coreia do Sul para rever as suas relações económicas com o Norte, com o objectivo de limitar os contactos. Seguiu-se uma visita da secretária de Estado Condoleezza Rice, que ali se deslocou para reforçar a mensagem. Em especial, os EUA pretendiam que a Coreia do Sul cancelasse projectos cooperativos no Norte no parque industrial de Kaesong e no aldeamento turístico de Mount Kamgang. [17] A Coreia do Sul, justiça lhe seja feita, recusou-se a abandonar os projectos, visto que ambos são essenciais aos planos de longo alcance para a reunificação da península coreana. "A decisão pertence à Coreia do Sul", sublinhou Song Min-Soon, auxiliar de segurança sul coreano. [18]

A viagem de Condoleezza Rice também a levou a Tóquio, Pequim e Moscovo, onde aconselhou as autoridades a implementar medidas que agravem o efeito das sanções. Sergei Lavrov, ministro dos Estrangeiros russo, achou que Rice foi longe demais nos seus pedidos e comentou posteriormente: "Toda a gente devia demonstrar realismo e evitar posições extremas, intransigentes". [19]

Previsivelmente, as entidades americanas obtiveram maior êxito no Japão, que impôs recentemente uma proibição total do comércio com a RPDC. Entidades oficiais japonesas referiram-se à apresentação na ONU de uma nova resolução se a Coreia do Norte se preparar para realizar um segundo teste. A nova resolução, tal como encarada pelo Japão exigiria que as nações membros da ONU bloqueassem quase todo o comércio com a RPDC. De forma mais alarmante, seria invocado o Artigo 42 para permitir uma acção militar. [20]

O furor sobre o fracasso parcial do único e bastante fraco teste nuclear da Coreia do Norte forma um curioso contraste com a indiferença com que foram recebidos os arsenais nucleares de outras nações. Os EUA, evidentemente, têm um enorme arsenal de armas nucleares à sua disposição. Não há quaisquer sugestões para que os estados nucleares mais antigos se devam desarmar, nem nunca foram pedidas sanções contra os estados nucleares mais recentes, a Índia, o Paquistão e Israel. Os EUA assinaram recentemente um acordo nuclear com a Índia. Em todos estes casos, os programas nucleares reduzem ao mínimo a importância do da Coreia do Norte. No entanto só foi escolhida a Coreia do Norte para punição e violência. A razão para este descarado padrão dúplice é que nenhuma das outras potências nucleares é um alvo potencial para as forças militares americanas. O princípio operacional é que nenhuma das nações que os EUA pretendem esmagar pode dispor de meios para impedir um ataque.O teste nuclear da Coreia do Norte foi provocado pelo sentido da necessidade de reduzir o risco de ataque dos EUA, uma consideração bastante real dado o destino do Iraque armado de forma convencional, do Afeganistão e da Jugoslávia. Simultaneamente, o teste foi um presente para a administração Bush. As forças militares americanas estão ocupadas em grande escala com as ocupações do Iraque e do Afeganistão, mas as sanções da ONU são uma alternativa de baixo custo para provocar a ruína da Coreia do Norte e do seu povo. A forma como a administração Bush interpreta o que as sanções lhe permitem fazer é uma questão de consequências possivelmente profundas. Já houve indícios de que os EUA podem ir muito para além da letra da resolução e implementar medidas que representem uma ameaça real à paz. A resolução da ONU dá às nações o suporte legal para deter barcos norte coreanos em portos e águas estrangeiros. Mas o embaixador americano na ONU, John Bolton, referiu-se à possibilidade de deter e inspeccionar barcos norte coreanos em águas internacionais, um acto que não tem qualquer base legal. Se os EUA decidirem prosseguir nessa direcção, arriscam-se a abrir a porta a um confronto militar no mar. O Japão está a considerar contribuir com destróiers e aviação de patrulha para o plano americano de perseguir os navios norte coreanos. [21]

Isto será encarado como um acto especialmente provocador, dadas as recordações amargas associadas aos muitos anos que a Coreia passou sob o cruel domínio colonial japonês.Mas a confrontação é mesmo o que a administração Bush pretende, encarando-a como uma oportunidade para uma punição mais forte da RPDC. Desde que desmantelou o Acordo de Genebra de 1994, a administração Bush prosseguiu fazendo tudo ao seu alcance para agudizar as tensões. "Os EUA nunca tencionaram honrar o Acordo de Genebra e nunca cumpriram inteiramente nenhuma das suas disposições", assinala Alexander Zhebin do Instituto do Extremo Oriente da Rússia. "Os EUA adorariam colocar uma caldeira em vias de explosão à porta da Rússia. Os americanos afastar-se-iam e observariam a explosão na TV, e deixariam que os russos, os chineses e os coreanos arcassem com as consequências". [22]

NOTAS
(*) Supernota - designação de notas de dólar falsificadas de forma quase perfeita [N.T.]
(1) "Sharply Increased US Sanctions are Based on the USD Supernote Accusation against North Korea. But Counterfeit Experts Say the Accusation is Baseless," European Business Association (European Chamber of Commerce in Pyongyang), April 2006."An der 'Supernote' Stimmt Fast Alles," Associated Press, April 19, 2006.
(2) "NKorea Nuke Talks Uncertain," UPI, December 6, 2005."No US Evidence on Counterfeiting: NKorean Diplomat," Agence France-Presse, March 9, 2006."N.K. Proposes Separate Negotiations to Discuss U.S. Sanctions," Yonhap (Seoul), March 8, 2006.Lee Chi-dong, "Russia Urges U.S. to Present Evidence of N. Korean Counterfeiting," Yonhap (Seoul), March 7, 2006.
(3) Jeannine Aversa, "White House Targets N. Korean Companies," Associated Press, October 21, 2005."US Slaps Sanctions on N.Korea, Russian Firms," Reuters, August 4, 2006."U.S. Slaps Sanctions on Two N.Korean Firms," Chosun Ilbo (Seoul), August 7, 2006.
(4) Christian Caryl, "Pocketbook Policing," Newsweek, April 10-17, 2006.Joel Brinkley, "U.S. Squeezes North Korea's Money Flow," New York Times, March 10, 2006.(5) Nigel Cowie, "US Financial Allegations What They Mean," Nautilus Institute, May 4, 2006.(6) Nigel Cowie, "US Financial Allegations What They Mean," Nautilus Institute, May 4, 2006."North Korea's Nuclear Push May be Stymied by U.S. Banking Rules," Bloomberg, March 7, 2006.Anna Fifield, "Bankers Challenge US Sanctions on North Korea," Financial Times (London), September 5, 2006.
(7) Steven R. Weisman, "U.S. Pursues Tactic of Financial Isolation," New York Times, October 16, 2006."N.Korean Regime Feeling Pinch from Sanctions: U.S.," Chosun Ilbo (Seoul), April 3, 2006."North Funds Lose Havens in Sanctions," JoongAng Ilbo (Seoul), August 24, 2006."US Targets Business with North Korea," Associated Press, September 9, 2006."US Reportedly Asks for Cooperation with Sanctions on DPRK from UN Member States," Chosun Ilbo (Seoul), September 13, 2006.
(8) Selig S. Harrison, "N.K. Nuclear Test Depends on U.S.," Hankyoreh (Seoul), October 2, 2006.(9) "South Korea Asked U.S. to Suspend Further North Korea Sanctions: Source," Yonhap (Seoul), September 18, 2006.
(10) "US Funds Radiocasts Aimed at North," Dong-A Ilbo (Seoul), September 28, 2006.
(11) "U.S. Not Yet Satisfied with Impact of N.K. Sanctions: Levey," Yonhap (Seoul), September 9, 2006.
(12) "DPRK Foreign Ministry Clarifies Stand on New Measure to Bolster War Deterrent," KCNA (Pyongyang), October 3, 2006.
(13) Jungmin Kang and Peter Hayes, "Technical Analysis of the DPRK Nuclear Test," Nautilus Institute, October 20, 2006.Ivan Oelrich, "North Korea's Bomb: A Technical Assessment," Strategic Security Blog (a Project of the Federation of American Scientists," October 13, 2006.Ludwig De Braeckeleer, "N. K. Nuclear Test: Evidence and Unknowns," Ohmy News (Seoul), October 12, 2006."Alleged Radioactive Debris from N.K. Nuclear Test Detected," Yonhap (Seoul), October 14, 2006.Greg Miller and Karen Kaplan, "Even if Device was Flawed, Test Crossed a Threshold," Los Angeles Times, October 10, 2006.
(14) Entrevista com Selig S. Harrison, "Harrison Faults Bush Administration for Rejecting Step-by-Step Accords to Halt North Korea's Nuclear Program," Council on Foreign Relations, May 10, 2004.Glenn Kessler, "Rice Sees Bright Spot in China's New Role Since N. Korean Test," Washington Post, October 22, 2006.
(15) "Text of U.N. Resolution on N. Korea Sanctions," CNN, October 14, 2006.
(16) Warren Hoge, "Security Council Backs Sanctions on North Korea," New York Times, October 15, 2006."U.S. Achieves Key Objectives in U.N. Resolution, with PSI as Centerpiece," Yonhap (Seoul), October 15, 2006.
(17) Park Song-wu, "Vershbow Wants Seoul to Cut Economic Ties with N.Korea," Korea Times (Seoul), October 18, 2006.Richard Lloyd Parry, "US Demands the Closure of 'Cash Cow' Projects for Kim," The Times (London), October 19, 2006.Lee Joo-hee, "Seoul Urged to Get Tough on N. Korea," Korea Herald (Seoul), October 19, 2006.
(18) Chun Su-jin, "Testy Official Snaps Back at U.S. Sanctions Pressure," JoongAng Ilbo (Seoul), October 19, 2006.Kim Ji-hyun, "Seoul Digs in Over Projects with N. Korea," Korea Herald (Seoul), October 20, 2006.
(19) Adrian Blomfield, "Russian Rebuke for Rice over N Korea," Daily Telegraph (London), October 21, 2006.
(20) Ewen MacAskill and Jonathan Watts, "Japan Bans All Trade with North Korea," The Guardian (London), October 12, 2006."Japan Eyes Tougher N. Korea Resolution," Kyodo News Service (Tokyo), October 22, 2006.
(21) "MSDF Set to Monitor 2 Sea-Lanes to Check Ships Near Okinawa, Tsushima Strait," Yomiuri Shimbun, October 22, 2006.
(22) Vladimir Radyuhin, "U.S. Provoked N. Korea: Russia," The Hindu, Chennai, October 22, 2006.

Tradución de Susana Lischinsky


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