José Carlos Ary dos Santos deixou-nos há 25 anos. No dia 18 de Janeiro de 1984. O seu funeral, realizado dois dias depois, sob intensa chuva, foi o maior que alguma vez um poeta teve em Portugal.
Contou o Avante! de 26 de Janeiro desse ano que «uma multidão ininterrupta» homenageou o poeta, quer na Sociedade Portuguesa de Autores, onde o seu corpo esteve em câmara ardente, quer na romagem até ao cemitério. O cortejo fúnebre, «feito a pé, demoraria duas horas a chegar ao cemitério do Alto de São João, em Lisboa, onde o aguardavam novos milhares de pessoas para o acompanhar à campa rasa que recebeu o corpo do poeta». As razões de tanta amizade e tanta gratidão revelou-as José Casanova, intervindo no funeral em nome do PCP: «José Carlos Ary dos Santos é o camarada, o amigo, o poeta. Por isso, “foram não sei quantos mil” os que, ontem, na Sociedade Portuguesa de Autores, e hoje aqui, se encontraram com ele para comemorarem colectivamente a camaradagem, a amizade, a poesia: conquistas que, junto com ele, alcançámos e que são tão nossas que comemorá-las e defendê-las é condição indispensável para chegarmos ao futuro.»
Mas não é a sua morte que assinalamos, mas a sua vida que celebramos. Passados vinte e cinco anos sobre o seu desaparecimento, José Carlos Ary dos Santos permanece vivo na lembrança de milhares e milhares de portugueses e, de forma muito especial, nas memórias e nos corações dos militantes comunistas que com ele conviveram, que com ele foram protagonistas das múltiplas batalhas de que é feita, todos os dias, a luta pelos ideais de justiça social, de liberdade, de fraternidade.
Exemplo do intelectual que tomou partido, Ary dos Santos fez a sua opção política e de classe e o talento era a sua maior arma. Nos seus poemas, fundamentalmente aqueles que foram escritos entre 1974 e 1984, está a Revolução, de que foi, sem dúvida, o maior cantor. Lá está a festa e a alegria, a fraternidade e a camaradagem, a consciência revolucionária e a determinação de luta, a arte e a cultura, a justiça social e o progresso. Lá está tudo o que Abril mostrou ser possível.
De então para cá, nestes 25 anos que passaram, a luta continuou: com as armas que temos na mão prosseguimos o combate procurando impedir que os ventos do passado cerrassem as portas que Abril abriu.
E assim continuará a ser: com o poeta a dizer-nos que isto vai, meus amigos, isto vai – e nós a sabermos que, de facto, «isto vai», mesmo que não vá como e quando queremos – numa concordância absoluta que resulta da simples razão de um poeta militante ter sabido traduzir na sua obra, de forma transparente, com um talento singular, com a força dos seus ideais e das suas convicções, os anseios mais profundos do seu povo.
Muito bom esse blog. Parabens! Recomendo outro sobre o debate do marxismo-leninismo e sobre a crise estrutural do capitalismo, onde encontramos algumas liçoes dessa crise para a nossa luta: http://cemflores.blogspot.com/2009/01/algumas-lies-da-crise-para-nossa-luta.html
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Parabens!
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