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Dos Marxistas arrependidos ao Anarco-Trotskismo
31/01/2007
Miguel Urbano Rodrigues
O Diário 26.01.07
O autor deste artigo reflecte sobre a vaga de esquerdismo de novo tipo cuja mensagem doutrinária assenta na convicção de que a América Latina está madura para uma revolução de proporções continentais. Miguel Urbano Rodrigues define esses politólogos como anarco-trotskistas.

Nas épocas em que o movimento da história se acelera e grandes acontecimentos principiam a transformar a vida dos povos a batalha de ideias intensifica-se, reflectindo as tensões sociais.
Aconteceu isso durante as Revoluções Francesa e Russa. As rupturas que modelam o futuro ficam assinaladas pelo aparecimento de personalidades excepcionais nas esferas do pensamento, da acção, da arte. Na América Latina, a Revolução Libertadora, no início do século XIX, foi um desses períodos. No breve espaço de vinte anos surgiu ali para inflectir o rumo da história uma geração de revolucionários como Bolívar, San Martin, Artigas, O’Higgins, Hidalgo, Morelos, Sucre.

Hoje, quando a humanidade enfrenta uma perigosa crise de civilização, a América Latina emerge como cenário da rejeição pelos seus povos do neoliberalismo globalizado que lhes é imposto por um sistema imperial monstruoso.

Na última década dirigentes carismáticos com programas progressistas foram eleitos, quase sempre por amplas maiorias, na Venezuela, no Brasil, no Equador, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, na Nicarágua. O mundo latino-americano tornou-se um caldeirão onde fervem ideias.

O debate é fascinante, mas, acompanhado da Europa, não é fácil para aqueles que desconhecem a Região, mover-se no labirinto de posições e discursos contraditórios.

A dificuldade é tanto maior quanto alguns dos presidentes eleitos como representantes de projectos de esquerda não honraram os compromissos assumidos. No Equador, Lucio Gutierrez levou a traição tão longe que o povo se levantou para o derrubar. No Brasil Lula, que no primeiro mandato desenvolveu uma politica neoliberal, afirma agora com desfaçatez, após a reeleição, que não é de esquerda e critica como imaturos aqueles que chegados aos 60 anos não passaram ao «centro» como ele. Na Argentina, Kirchner, ex-peronista, comporta-se como exímio malabarista, mas a sua politica responde no fundamental aos interesses da grande burguesia e das transnacionais. Na Nicarágua pouco se pode esperar de Daniel Ortega na sequência da sua aliança com o cardeal Obando e políticos da extrema-direita.

O aggiornamento de políticos que, investidos na Presidência, optaram por estratégias de compromissos com o grande capital teria normalmente de ser acompanhado por uma multidão de áulicos para os quais a praxis e a ideologia do Poder são a referência. Emir Sader escreveu sobre o tema (odiario.info. 24.1.2007) um artigo «Guia para ser ex-esquerdista») no qual fustiga os intelectuais e políticos que, contemplados com prebendas chorudas, trataram de se limpar dos pecados da juventude e actuam hoje como epígonos do Poder.

É heterogénea essa fauna de «arrependidos». Nela há de tudo desde ex-trotskistas a ex–albaneses, passando por ex-comunistas. O que os une é a «conversão». Todos acabaram por se colocar ao serviço do capitalismo que antes combatiam.

Conhecemos um fenómeno similar na Europa. Da legião de inflamados dirigentes «revolucionários» do Maio de 68 francês raríssimos não aderiram ao sistema que antes diabolizavam, a principiar pelo alemão Cohn Bendit. A confusão na época era tamanha que ao surgir na Universidade de Paris a «escola» dos Novos Filósofos não faltou quem identificasse neles a guarda avançada de uma Nova Esquerda. A profecia logo se desfez quando ficou transparente que esses jovens «pensadores» despontavam como embrião de uma direita obcecada pelo combate ao comunismo.

O fim do socialismo na URSS e a desagregação do grande país provocaram poderosos abalos sísmicos na maioria dos partidos comunistas. Na Europa milhares de intelectuais descobriram que as prodigiosas transformações que estavam a ocorrer com a revolução técnico-científica exigiam novas formas de intervir nas lutas politicas. Nas grandes universidades cientistas sociais de prestígio proclamaram que o comunismo morrera. As campanhas para renovação do marxismo tornaram-se quase uma moda. O tempero mais comum foi o ataque aos sindicatos, como velharia desnecessária no mundo contemporâneo. Da atribuição a Staline de todas as responsabilidades pela derrota do socialismo, os «renovadores» passaram à exegese da obra de Lenine e acabaram concluindo que afinal a raiz do desastre soviético se encontrava no seu pensamento. Esses modernos revisionistas não descansaram enquanto no seu profundo repensar da história não anunciaram ao mundo -alguns em teses de doutoramento – que a origem do mal estava em Marx.

É do domínio público que quase todos acabaram, como intelectuais pós-modernos, aderindo, ostensivamente ou discretamente, ao neoliberalismo. Não poucos servem-no hoje com zelo e proveito material.

Na América Latina um surto de esquerdismo de novo tipo coincide com a vaga de «arrependidos» que tratam de se instalar nas prateleiras do Poder. É nas universidades que se localiza o pólo das campanhas lançadas por um punhado de politólogos cuja mensagem doutrinária assenta na convicção de que a América Latina, com poucas excepções, está madura para uma revolução de proporções continentais. Mas é sobretudo através de jornais web progressistas que a maioria teoriza, difundindo o seu pensamento.

Sinto alguma dificuldade em comentar essa explosão de revolucionarismo, pela diversidade das posições que os autores desses trabalhos assumem e pela intenção que deles transparece. Qualquer crítica generalizante seria descabida, porque alguns textos são da autoria de gente séria.

Em primeiro lugar os ensaios e artigos a que me refiro incidem o sobre acontecimentos e dirigentes de vários países onde conquistaram a Presidência personalidades muitíssimo diferentes.

Incluo-me entre aqueles que desde o início criticaram os governos de Lula e Kirchner pela sua estratégia de concessões ao imperialismo e às burguesias nativas. No Brasil e na Argentina estavam reunidas condições objectivas e subjectivas para levar adiante projectos nacionais de ruptura com o neoliberalismo. E em ambos os casos, os Presidentes capitularam perante as pressões do imperialismo.

Na complexa situação existente no Brasil -país que conheço melhor – o apodrecimento do Partidos dos Trabalhadores e a covardia de Lula desencadearam uma justa vaga de indignação a nível interno e internacional. Mas daí a colar o rotulo de traidores a quantos ainda não romperam publicamente com governo brasileiro vai uma distancia para mim intransponível. Desaprovo concretamente os anátemas lançados por intelectuais esquerdistas contra o MST, acusado de colaboracionista por não ter entrado ainda em choque frontal com o Poder.
Mais graves do que essa atitude são, na minha perspectiva, as campanhas que atingem o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa e sobretudo o venezuelano Hugo Chavez.
Sobre os dois primeiros chovem criticas reveladoras de imaturidade politica.

Evo não desiludiu até agora os que identificaram na sua vitória eleitoral a esperança de libertar a Bolívia de uma humilhante opressão imperial. Foi, aliás, mais longe do que eu esperava, conhecendo-lhe o passado e a ausência de uma formação ideológica sólida. Dele se pode dizer que avançou com a Historia. Desde que tomou posse governou numa conjuntura de crise endémica,resistindo a uma ofensiva permanente da direita e do imperialismo, aliados numa cadeia conspirativa complexa. No próprio governo, a relação de forças existente ajuda a perceber que o vice-presidente seja um contra-revolucionário potencial, defensor daquilo a que chama o «capitalismo andino – amazónico». No Departamento mais rico do país, Santa Cruz, a oligarquia local desenvolve manobras separatistas.

É portanto romântica e pouco sensata a atitude dos intelectuais que, semana após semana, criticam Evo por ele não optar por uma estratégia revolucionária orientada para a proclamação do socialismo a curto prazo. Simulam ignorar a existência de uma poderosa burguesia e de Forças Armadas nas quais a maioria dos altos comandos é conservadora. Com os seus apelos às massas, esses esquerdistas apenas contribuem para dividir a classe operária e o campesinato, semeando ilusões que somente favorecem os inimigos do povo boliviano.

Não esqueço situações que acompanhei na Bolívia durante o governo progressista do general Juan José Torres quando, em Junho de 71, em vésperas do golpe de Banzer que implantou uma ditadura sanguinária, lhe exigiam o impossível. Recordo que em La Paz, na Asamblea del Pueblo, ouvi veementes apelos à imediata tomada do poder pelo povo, lançados por «revolucionários» que após o golpe se asilaram nos Estados Unidos.

Identifico – sublinho – nas diatribes contra Evo Morales, frequentes em jornais web progressistas, manifestações de um ultra esquerdismo que somente leva agua aos moinhos da reacção.

No caso de Rafael Correa as criticas principiaram antes mesmo da sua investidura na Presidência. É cedo para se proceder a uma previsão do rumo do Equador no ano agora iniciado. Mas o jovem presidente iniciou o seu mandato com coragem e determinação. No seu discurso de posse, pronunciado numa aldeia indígena da Cordilheira dos Andes, reafirmou todos os compromissos constantes do seu programa. Correa proclama o seu respeito pela Revolução Cubana, expressa a sua admiração pela revolução em curso na Venezuela bolivariana, responsabiliza o imperialismo norte-americano pela situação semi-colonial do seu país, condena a ALCA e defende uma integração solidária dos latino-americanos. Não somente criticou as fumigações das terras fronteiriças pela força aérea colombiana, como informou Uribe de que se recusa a considerar as FARC como uma organização terrorista.

Esclareceu que não renovará o acordo que permite o funcionamento no país da gigantesca base militar dos EUA em Manta e lamentou não ter condições no momento para por fim à dolarização. Quase um terço das divisas entradas no país são provenientes das remessas dos emigrantes e a chantagem de Washington no tocante ao tema foi transparente durante a campanha eleitoral.
Mas, não obstante todas as iniciativas até agora tomadas por Rafael Correa serem positivas, já está a ser alvo de ataques insistentes de personalidades e jornalistas de esquerda que levantam dúvidas sobre a sinceridade das suas opções progressistas.

Tal como a Evo Morales pedem-lhe o impossível, como se o Equador estivesse no limiar de uma situação revolucionária. Ora, Correa enfrenta um Poder Judicial hostil e corrupto e no Legislativo a maioria tudo fará para sabotar a execução do seu programa.

Merece, aliás, reflexão a quase ausência de artigos e comentários dos grupos esquerdistas sobre a crise colombiana. Na pátria de Nariño uma guerrilha marxista-leninista trava há mais de quatro décadas uma luta heróica contra o maior e mais poderoso exército da América Latina. As FARC transformaram-se com os anos num exército popular de 18 000 homens que combate em 60 frentes. Somente no Vietnam encontramos precedente para uma saga épica comparável.
Na Colômbia está no poder um presidente neofascista, Álvaro Uribe, o melhor aliado de Bush no Continente. E o imperialismo conseguiu que as FARC-EP tenham sido incluídas pela União Europeia na lista das organizações terroristas. Cabe perguntar por que motivo os críticos esquerdistas de Evo Morales e de Rafael Correa manifestam tão pouco interesse pelas FARC?

No que se refere à Venezuela, a atitude desses intelectuais é também irresponsável. Poucos criticam a pessoa de Hugo Chavez. Mas nos últimos meses, à medida que o processo avança, cientistas políticos, escritores e jornalistas de diferentes quadrantes ideológicos do ultra-esquerdismo tornam públicas teses, análises e exegeses que pretendem ser uma contribuição para que Revolução Bolivariana passe a um patamar superior. À falta de melhor, identifico-os como anarco-trostskistas porque fundem características do moderno anarquismo e do trotskismo latino-americano.

Obviamente, o processo venezuelano, na sua evolução, tem sido influenciado negativamente por muitos erros e insuficiências. Destas, a principal tem sido a falta de uma organização revolucionária de âmbito nacional, preparada para responder aos desafios do presente. Chavez cometeu – e está consciente disso – muitos erros tácticos, mas poucos estratégicos. Não foi por acaso que a radicalização do processo coincidiu com a decisão de criar o Partido Unido da Revolução, ou seja uma organização com estrutura partidária que inclua todas as forças politicas progressistas que apoiam a opção socialista agora tornada pública pelo presidente.

A reflexão critica séria sobre o que se fez e não fez na Venezuela é não apenas útil, como indispensável. Mas parece-me muito negativa a tempestade de conselhos que desaba todas as semanas sobre Chavez, vindos precisamente de esquerdistas «revolucionários», que se expressam como se fossem tutores do presidente e detentores da sabedoria universal. Um deles afirmava há dias que Hugo Chavez deveria compreender que a próxima etapa da Revolução, já atrasada, será a tomada do poder pela classe operária. Sem comentários.

Alguns camaradas podem concluir da leitura desta reflexão que atribuo uma importância excessiva à gritaria dos anarco-trotskistas. Mas ela nasceu precisamente do conhecimento relativo que acumulei ao longo dos anos sobre a história América Latina.

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